Está no prelo e deve ser lançado no Brasil, em agosto, o mais novo livro do escritos Paulo Coelho, depois de exatos dois anos depois de O Aleph e 146 milhões de exemplares vendidos depois de O Diário de Um Mago. A editora Sextante lança Manuscrito Encontrado em Accra, que Coelho define como uma obra sobre “valores”.
No livro, o escritor transcreve um manuscrito de 1307 que foi encontrado em 1974 no Egito por um arqueólogo inglês. Veja no vídeo abaixo uma breve explicação do autor sobre a obra e, na sequência, cópia da introdução do livro.
Introdução
Em dezembro de 1945, dois irmãos que buscavam um lugar de descanso, encontraram uma urna cheia de papiros em uma caverna na região de Hamra Dom, no Alto Egito. Ao invés de avisarem as autoridades locais – como exigia a lei – resolveram vende-los pouco a pouco no mercado de Antiguidades, evitando desta maneira chamar a atenção do governo.
Os outros pergaminhos começaram a aparecer no mercado negro. Em breve o governo egípcio se deu conta da importância da descoberta, e proibiu que saíssem do país. Logo depois da revolução de 1952, a maior parte do material foi entregue ao Museu Copta do Cairo, e declarado patrimônio nacional. São conhecidos como “Os manuscritos de Nag Hammadi”
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Os papiros encontrados são traduções gregas de textos escritos entre o final do primeiro século da Era Cristã e o ano 180 D.C., também conhecidos por “Evangelhos Apócrifos”, já que não se encontram na Biblia tal qual a conhecemos hoje.
Por que razão?
No ano 170 D.C., um grupo de bispos reuniu-se para definir quais os textos que fariam parte do Novo Testamento. O critério foi simples: tudo aquilo que pudesse combater as heresias e divisões doutrinárias da época. Foram selecionados os atuais evangelhos, as cartas, e tudo que tivesse uma certa “coerência”, digamos, com a ideia central do que julgavam ser o Cristianismo. A referência ao encontro de bispos e a lista de livros aceitos está no desconhecido “Cânone Muratori”.
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Em 1974, um arquelógo inglês, Sir Walter Wilkinson, descobriu perto de Nag Hammadi um outro manuscrito, desta vez escrito em três línguas: árabe, hebreu, e latim. Encaminhou o texto ao Departamento de Antiguidades do Museu do Cairo. Pouco tempo depois veio a resposta: havia pelo menos 155 cópias circulando no mundo e eram todas praticamente iguais. Testes revelaram que o pergaminho era relativamente recente – escrito possivelmente no ano 1307 da Era Cristã. Não foi difícil traçar sua origem até a cidade de Accra (Acre), fora do território egípcio. Portanto, não havia qualquer restrição para sua saída do país, e Sir Wilkinson recebeu uma permissão escrita do governo ( Ref. 1901/317/IFP-75 datada de 23 de novembro de 1974) para leva-lo à Inglaterra.
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Conheci o filho de Sir Walter Wilkinson no natal de 1982, em Portmadog (País de Gales, Reino Unido). Lembro-me que na época ele mencionou o manuscrito encontrado pelo pai, mas nenhum de nós deu muita importância ao assunto. Mantivemos uma relação cordial através de todos estes anos, e tive oportunidade de ve-lo pelo menos mais duas vezes quando visitei o país para a promoção de meus livros.
No dia 30 de novembro de 2011 recebi uma cópia do texto ao qual se referira em nosso primeiro encontro.
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