Martha Medeiros acaba de lançar Feliz por nada, seu novo livro de crônicas. Em entrevista, a escritora conta como os textos que compõem o livro foram escolhidos, qual a sua crônica favorita e os insólitos convites que já recebeu. A autora de Doidas e Santas, conta, ainda, sobre sua "caixa preta", o lugarzinho onde guarda todas as sementes de ideias que poderão virar crônicas, poesias ou romances.
Como fazer para que assuntos do cotidiano, que você aborda nas suas crônicas, se tornem perenes e possam ser lidos em qualquer época?
Martha Medeiros - Algumas acabam ficando datadas, não tem jeito, principalmente aquelas em que eu cito nomes de pessoas. Quem vai lembrar da Geisy (que foi expulsa da faculdade por usar minissaia)? Já é passado. Pra tentar amenizar isso, uso esses casos pontuais apenas como gancho para refletir sobre assuntos mais abrangentes, no caso: superexposição na mídia, a desvalorização da privacidade, etc. De um pequeno fato, procuro buscar uma reflexão maior.
Martha Medeiros - Algumas acabam ficando datadas, não tem jeito, principalmente aquelas em que eu cito nomes de pessoas. Quem vai lembrar da Geisy (que foi expulsa da faculdade por usar minissaia)? Já é passado. Pra tentar amenizar isso, uso esses casos pontuais apenas como gancho para refletir sobre assuntos mais abrangentes, no caso: superexposição na mídia, a desvalorização da privacidade, etc. De um pequeno fato, procuro buscar uma reflexão maior.
Como você fez a seleção das crônicas de “Feliz por Nada”?
Reli tudo o que publiquei a partir da última crônica do “Doidas e Santas”, que foi minha última coletânea, lançada em 2008. Muita coisa ficou de fora. Procuro selecionar aquelas que gosto mais e que tiveram boa repercussão com os leitores.
Reli tudo o que publiquei a partir da última crônica do “Doidas e Santas”, que foi minha última coletânea, lançada em 2008. Muita coisa ficou de fora. Procuro selecionar aquelas que gosto mais e que tiveram boa repercussão com os leitores.
Você anota ideias de crônica em algum caderno que carrega na bolsa ou conta somente com a sua memória?Tenho um caderno que é minha “caixa preta” – aliás, por acaso a capa dele é mesmo preta. Ali anoto frases soltas, resumos de matérias de jornal, transcrevo trechos que li em livros, é uma espécie de arquivo de ideias, mas muitas não são aproveitadas. Na hora de transformá-las em crônicas é que vou descobrir se o material rende ou não rende. Mas é importante manter esse arquivo. O caderno não está na bolsa, e sim no meu escritório em casa, onde passo a maior parte do tempo.
Você já escreveu poesia e romances. Mas é possível dizer que em algumas de suas crônicas também há poesia e romance?Em algumas delas, sim. Dependendo do assunto da crônica e do tom que desejo imprimir, às vezes me atrevo a ser mais poética, mas não é uma decisão que ocorra antes de escrever, e sim durante a escrita, conforme o tema se desenvolve e se abre para a interferência do gênero.
Como surgiu a expressão “Feliz por nada”?
Numa troca de e-mails com minha melhor amiga. Perguntei como ela estava e ela respondeu: “Sabe aqueles dias em que se está feliz por nada”? Achei a expressão muito iluminada, solar, e acabei escrevendo uma crônica a respeito, que está incluída nessa nova coletânea.
Numa troca de e-mails com minha melhor amiga. Perguntei como ela estava e ela respondeu: “Sabe aqueles dias em que se está feliz por nada”? Achei a expressão muito iluminada, solar, e acabei escrevendo uma crônica a respeito, que está incluída nessa nova coletânea.
Você tem uma crônica preferida deste livro?
Gosto de todas, mas se fosse citar uma, destacaria a crônica que encerra o livro, “O amor, um anseio”. O texto é um atrevimento meu: procuro interpretar uma frase do Jung. Percebi que o resultado havia sido satisfatório ao receber diversos e-mails de psicanalistas avalizando a minha análise. Não tenho nenhuma formação psicanalítica, mas gosto tanto do assunto que vibro quando acerto.
Gosto de todas, mas se fosse citar uma, destacaria a crônica que encerra o livro, “O amor, um anseio”. O texto é um atrevimento meu: procuro interpretar uma frase do Jung. Percebi que o resultado havia sido satisfatório ao receber diversos e-mails de psicanalistas avalizando a minha análise. Não tenho nenhuma formação psicanalítica, mas gosto tanto do assunto que vibro quando acerto.
Você costuma escrever na primeira pessoa, isso com certeza aproxima você dos leitores. Eles costumam tratar “a Martha” como amiga quando a encontram no supermercado, por exemplo?
Nos encontros na rua, em supermercados ou restaurantes, todos me tratam com muito respeito e carinho, sem invasão. Por e-mail é que o pessoal se solta mais. Não é incomum as pessoas me chamarem para jantar nas suas casas, convidar para um churrasco... Imagino o susto que levariam se eu aceitasse! (rsrs) Uma vez um cara me escreveu do Rio dizendo que gostaria de me dar de presente de aniversário para sua mulher! O quê? Ele explicou que me pagaria passagem e hotel apenas para que jantasse com os dois no dia do aniversário dela. Tem cada uma... Agradeço, acho graça, mas não dá pra confundir as coisas.
Nos encontros na rua, em supermercados ou restaurantes, todos me tratam com muito respeito e carinho, sem invasão. Por e-mail é que o pessoal se solta mais. Não é incomum as pessoas me chamarem para jantar nas suas casas, convidar para um churrasco... Imagino o susto que levariam se eu aceitasse! (rsrs) Uma vez um cara me escreveu do Rio dizendo que gostaria de me dar de presente de aniversário para sua mulher! O quê? Ele explicou que me pagaria passagem e hotel apenas para que jantasse com os dois no dia do aniversário dela. Tem cada uma... Agradeço, acho graça, mas não dá pra confundir as coisas.
Você foi considerada uma das 100 personalidades mais influentes de 2010. Isso não daria uma crônica?
Uma crônica muito exibida, né? Autopromoção demais pode ser um tiro pela culatra.
Uma crônica muito exibida, né? Autopromoção demais pode ser um tiro pela culatra.
Qual o segredo para ser “Feliz por nada”?Não pensar muito nisso e tratar de viver, fazendo o melhor que a gente pode, sem ficar se cobrando desumanamente.
0 comentários