O escritor Paulo Coelho divulgou em seu blog detalhes sobre a idéia e a produção de um filme sobre sua vida, uma superprodução internacional, que será lançado em 2012. Veja abaixo a íntegra de seu relato.
Um pouco de história
* * *
Um pouco de história
Em 2005, quando assisti “Os dois filhos de Francisco”, perguntei a um amigo se conhecia a pessoa que fez o roteiro do filme. Tinha interesse de encontra-la apenas para conversar sobre a maneira brilhante de contar uma história que, em principio, nao me interessaria nada, e terminou me comovendo. Meu amigo conhecia a autora, Carolina Kotscho.
Nos encontramos e conversamos. Durante a conversa, veio a ideia de fazer um filme sobre minha vida. Eu hesitei, mas Carol foi persistente. Finalmente terminei cedendo.
Algumas semanas depois, os produtores entraram no jogo.
2005 a 2011
Durante os dois anos seguintes, duas coisas aconteceram em paralelo: por um lado, Carol começou uma pesquisa intensa sobre minha vida, e por outro lado um batalhão de advogados americanos sentou-se com minha agente, Monica Antunes, para acertar os detalhes do contrato.
A conversa com os advogados parecia não levar a lugar nenhum. Queriam ter controle sobre minha história – que me possui, e foi vivida com muito sangue, suor, e lágrimas.
Não contente em fuçar todos os meus arquivos pessoais, antigos diários, etc, Carol queria encontrar-se comigo todos os meses.
Eu já tinha dado tres longas entrevistas sobre minha vida. A primeira para o jornalista do El Pais, Juan Arias, que resultou no livro “Confissões de um peregrino”, a segunda para o biógrafo Fernando Morais, que escreveu a biografia “O Mago”, e a terceira para Herica Marmo, resumida ao periodo musical, que teve como resultado o excelente “A canção do mago”, a mais completa publicação a respeito de minha encarnação como letrista.
Ou seja: estava (e continuo, diga-se de passagem) farto de falar a respeito de mim mesmo.
Mas Carol nao desistiu.
E assim, nos anos seguintes, nos encontramos em diferentes países (Brasil, Turquia, Alemanha, França, Austria). O resultado são os dez DVDs que voces podem ver na foto, à minha direita. Se fossem em CD, teriamos uma pilha de 67 discos!
Os advogados resolveram todas as centenas de itens pendentes (como deve ser distribuído fora do Brasil, não querem correr nenhum risco), os produtores montaram o esquema empresarial do projeto.
Todos fizemos um pacto: não falariamos sobre o assunto até que chegassemos ao roteiro final.
Durante os dois anos seguintes, duas coisas aconteceram em paralelo: por um lado, Carol começou uma pesquisa intensa sobre minha vida, e por outro lado um batalhão de advogados americanos sentou-se com minha agente, Monica Antunes, para acertar os detalhes do contrato.
A conversa com os advogados parecia não levar a lugar nenhum. Queriam ter controle sobre minha história – que me possui, e foi vivida com muito sangue, suor, e lágrimas.
Não contente em fuçar todos os meus arquivos pessoais, antigos diários, etc, Carol queria encontrar-se comigo todos os meses.
Eu já tinha dado tres longas entrevistas sobre minha vida. A primeira para o jornalista do El Pais, Juan Arias, que resultou no livro “Confissões de um peregrino”, a segunda para o biógrafo Fernando Morais, que escreveu a biografia “O Mago”, e a terceira para Herica Marmo, resumida ao periodo musical, que teve como resultado o excelente “A canção do mago”, a mais completa publicação a respeito de minha encarnação como letrista.
Ou seja: estava (e continuo, diga-se de passagem) farto de falar a respeito de mim mesmo.
Mas Carol nao desistiu.
E assim, nos anos seguintes, nos encontramos em diferentes países (Brasil, Turquia, Alemanha, França, Austria). O resultado são os dez DVDs que voces podem ver na foto, à minha direita. Se fossem em CD, teriamos uma pilha de 67 discos!
Os advogados resolveram todas as centenas de itens pendentes (como deve ser distribuído fora do Brasil, não querem correr nenhum risco), os produtores montaram o esquema empresarial do projeto.
Todos fizemos um pacto: não falariamos sobre o assunto até que chegassemos ao roteiro final.
O roteiro final
Ontem, dia 28 de abril de 2011, nos encontramos para a leitura final do roteiro. Cabe lembrar aqui eu eu não tinha lido nenhuma das muitas versões anteriores.
Era a primeira vez que iria escutar como seria minha história nas telas.
Eu tinha tres perguntas para Carol:
Eu tinha tres perguntas para Carol:
- Quem é o diretor? Quem irá me interpretar? Quando estreia?
Ela respondeu a primeira pergunta com outra:
Ela respondeu a primeira pergunta com outra:
- Quem voce gostaria que fosse o diretor?
- Clint Eastwood.
Carol não gostou muito. Disse que qualquer diretor americano iria reescrever por completo o roteiro. Pelo visto tem uma carta na manga, mas não revelou.
Quanto às outras duas perguntas:
Quem irá me interpretar é um ator muitissimo mais bonito que eu! Nao posso dizer o nome aqui porque o contrato nao está assinado, mas o ego inflou: será que ela me vê desta maneira?
Diga-se de passagem que considero este ator o MELHOR da atualidade. Mas Carol não sabia disso.
Finalmente, a data de estreia está prevista para o final de 2012.
Quem irá me interpretar é um ator muitissimo mais bonito que eu! Nao posso dizer o nome aqui porque o contrato nao está assinado, mas o ego inflou: será que ela me vê desta maneira?
Diga-se de passagem que considero este ator o MELHOR da atualidade. Mas Carol não sabia disso.
Finalmente, a data de estreia está prevista para o final de 2012.
Uma vez respondida minhas perguntas, carol pegou uma camera de video, dois gravadores (isso já tinha acontecido antes, e vejo que, apesar de trabalhar em cinema,desconfia muitissimo da tecnologia) e me disse:
- Tenho 123 perguntas, relativas as 123 cenas do filme.
Abraxas!
Há dois anos praticamente não dou entrevistas (não dei nenhuma quando O ALEPH foi publicado e, graças a Deus,não foi por falta de interesse da imprensa). E apesar dos 10 dvds, carol ainda nao estava satisfeita. precisava fazer uma “verificaçao final” por “motivos legais”. Assim exigiram os advogados.
No final de cada cena eu deveria afirmar se era verdade, mentira, ou se tinha alguma coisa para acrescentar.
Afirmei “verdade” em todos os capitulos.
A medida que a leitura prosseguia, eu redescobria a mim mesmo. Me perguntava em silêncio: ” por que agi assim? de onde veio a coragem para superar tal situaçao? como é que pude ser tao agressivo diante de tal experiencia?”
Eu era inteiramente a pessoa do filme (ou seja, os fatos eram reais) mas ao mesmo tempo parecia que estavamos falando de um outro Paulo, que me surpreendia a cada etapa.
Foram tres horas de emoção, surpresa, e alegria. O roteiro está ótimo.
Volta ao pacto
E todo o grupo envolvido retorna ao pacto original: ninguem tornará a falar mais sobre o assunto até que o filme esteja na produção final.
Exceto por Carol, que dará um entrevista (prometida há mais de um ano, para o “Hollywood Reporter” )
Exceto por Carol, que dará um entrevista (prometida há mais de um ano, para o “Hollywood Reporter” )
Uma vez feito isso, se conseguimos manter o projeto secreto por cinco anos, não será dificil continuar com o silêncio.
É uma decisão que sempre pautou minha vida: fale apenas quanto as coisas estiverem prontas.
O roteiro está pronto e eu falei sobre ele. Mas o filme não está.
Ou seja, a parte deste texto que coloco aqui, não haverá nenhum outro – ou notas para a imprensa – até outubro ou novembro de 2012.
P.S – Carol é mulher de Braulio Mantovani – que tem a seu credito, entre outras coisas, os roteiros de “Cidade de Deus”, “Tropa de Elite” e “Tropa de Elite 2 – O inimigo agora é outro”, e portanto, assiim que terminamos a conversa, aprendi muitíssimo sobre os bastidores de ambos os filmes…
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