Fernando Gabeira , escritor, jornalista e deputado federal do Rio, nascido em 1941, é mineiro de Juiz de Fora e carioca por opção desde 1963. É pai de duas filhas: Tami e Maya.
Destacou-se como jornalista, logo no início da carreira, na função de redator do Jornal do Brasil, onde trabalhou de 1964 a 1968. Os colegas de redação diziam que o estilo marcante dos textos de Gabeira podia ser reconhecido até em bilhetes. No final dos anos 60, ingressou na luta armada contra a ditadura militar. É também conhecido por ter participado da luta armada contra o Regime Militar de 1964, como militante do MR-8 (Movimento Revolucionário 8 de Outubro), que tentava instaurar o socialismo no Brasil.
Participou do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick às vésperas do 7 de setembro de 1969. O episódio é narrado em seu livro O Que É Isso, Companheiro?, de 1979. O sequestro ocorreu como forma de pressionar o regime militar a libertar 15 presos políticos, ligados a organizações clandestinas de esquerda. De fato, tais presos foram libertos e banidos do país, mas os envolvidos no sequestro foram presos algum tempo depois. O próprio Gabeira "caiu" em 1970 na cidade de São Paulo. Foi pego próximo ao seu aparelho. Resistiu a prisão e tentou fugir em direção a um matagal que existia por perto. Vários tiros foram disparados, e um deles atingiu suas costas, perfurando rim, estômago e fígado.
Preso, foi libertado em junho do mesmo ano, tendo sido trocado por outros 39 presos pelo embaixador alemão Ehrenfried von Holleben, que também havia sido sequestrado. O grupo foi banido do país e embarcado para a Argélia.
Fernando Gabeira esteve exilado entre 1970 e 1979.
Em dez anos de exílio, esteve em vários países. Testemunhou no Chile, em 1973, o golpe militar que derrubou Salvador Allende. Mais tarde, retrataria a queda e o assassinato de Allende em roteiro para a TV sueca. Na Suécia, país onde viveu mais tempo durante o exílio, exerceu desde o jornalismo, principalmente na Rádio Suécia, até a função de condutor de metrô, em Estocolmo.
Gabeira é primo da jornalista Leda Nagle. Durante o exílio, casou-se com sua companheira de militância política, Vera Sílvia Magalhães. Já de volta ao Brasil, foi casado por 16 anos com a estilista Yamê Reis, com quem teve duas filhas - a psicóloga Tami e a surfista Maya Gabeira. O casal se divorciou em 1999. Atualmente, ele é casado com a atriz e jornalista Neila Tavares.
Com a anistia, voltou ao Brasil no final de 1979. Nos anos seguintes, Gabeira dedicou-se a uma intensa produção literária, construindo as primeiras análises críticas da luta armada e impulsionando no Brasil temas como as liberdades individuais e a ecologia. Livros como O que é isso Companheiro, O crepúsculo do Macho, Entradas e Bandeiras, Hóspede da Utopia, Nós que Amávamos tanto a Revolução e Vida Alternativa apontaram novos horizontes no campo das mentalidades e colocaram na berlinda uma série de velhos conceitos da vida brasileira.
Em 1986, candidatou-se ao governo do estado pelo Partido Verde e inaugurou uma nova forma de militância política. Os tradicionais comícios e passeatas, sisudos e cinzentos, ganharam uma nova estética. Dois momentos culminantes foram a passeata Fala, Mulher, que coloriu a avenida Rio Branco de rosa e a cobriu de flores, e o Abraço à Lagoa, em que milhares de pessoas deram as mãos em torno da Lagoa Rodrigo de Freitas, produzindo um dos momentos de maior força simbólica e plástica da cena política brasileira.
Nos anos seguintes, Gabeira continuou jornalista, escritor e tornou-se um dos principais líderes do PV. Em 1987, cobriu em Goiânia o acidente radioativo com o césio 137 e escreveu seu décimo livro, Goiânia, Rua 57 – O nuclear na Terra do Sol. Sua atuação política e jornalística foi marcante em diversos outros fatos importantes da vida nacional, particularmente os ligados à questão ambiental, como a investigação do assassinato de Chico Mendes, a interdição da usina nuclear de Angra I por problemas de segurança e o encontro mundial dos povos indígenas em Altamira (PA). Em 1988, lançou o livro Greenpeace: Verde Guerrilha da Paz, uma reportagem-ensaio que apresentou ao Brasil a filosofia e os bastidores da maior organização ecologista do mundo.
Em 1989, foi candidato a presidente da república. Gabeira era, já então, a mais visível liderança de uma nova opinião pública, mais escolarizada, mais atenta a questões ambientais, culturais e éticas. No mesmo ano, como jornalista, assistiu a queda do muro de Berlim.
Em 1994, elegeu-se deputado federal e, desde então, tem sido reeleito, com votação crescente, pela população do Rio de Janeiro, para a Câmara Federal. É um dos mais influentes deputados do Congresso Nacional. Em 2006, foi o candidato mais votado no estado. Em 2008, Gabeira liderou uma onda verde no Rio que, apenas por pouquíssimos votos, não o fez prefeito da cidade.
Tentando traduzir a importância de Fernando Gabeira na vida política nacional, a revista Veja escreveu que ele era “o guerrilheiro da lucidez, a materialização das utopias impossíveis”. É um grande elogio: não é fácil harmonizar lucidez e utopia.
CARREIRA POLÍTICA - Em 1986 Fernando Gabeira foi candidato ao Governo do Estado do Rio de Janeiro pelo PT, sendo derrotado por Moreira Franco; em 1989 concorreu à Presidência da República, dessa vez pelo PV, obtendo 0,18% dos votos.
Em 1994, Fernando Gabeira é eleito deputado federal, pelo Partido Verde do Rio de Janeiro, sendo reeleito em 1998. Em 2002, trocou o Partido Verde pelo PT novamente, sendo novamente eleito. Após considerar um absurdo ter tido que esperar durante uma hora para ser atendido pelo então Ministro-Chefe da Casa Civil José Dirceu, decidiu abandonar mais uma vez o partido, ficando algum tempo sem legenda.
Em 2005, na Câmara dos Deputados, Gabeira chamou o então Presidente da Casa, Severino Cavalcanti de "vergonha para o país", e ameaçou começar um movimento para derrubá-lo se ele continuasse a apoiar em nome do Congresso empresas que utilizam trabalho escravo. Também participou da CPI das Sanguessugas, em 2006, como um dos sub-relatores.
Filiando-se novamente ao PV, concorreu à reeleição, sendo o deputado federal mais votado do Rio de Janeiro em 2006.
Em 2008, lançou sua candidatura a prefeitura do Rio de Janeiro em uma aliança com o PSDB e o PPS. Fernando Gabeira ficou em segundo lugar no primeiro turno das eleições à prefeitura do Rio de Janeiro, ocorrida no dia 5 de outubro, com 839.994 dos votos válidos, ou 25.61%. No segundo turno, Fernando Gabeira obteve 1.640.970 de votos, ou 49,17% dos votos válidos e perdeu por uma diferença de apenas 1,66% para seu adversário, Eduardo Paes.
Em 2009, Gabeira admitiu o uso indevido da sua cota parlamentar de passagens aéreas, possibilitando que terceiros, cujos nomes não foram divulgados, viajassem utilizando o dinheiro público. O próprio deputado admitiu que este escândalo pode significar sua morte política, tendo inclusive cogitado abandonar a carreira pública, mudando de opinião logo em seguida.
Gabeira se candidatou a governador no Estado do Rio de Janeiro nas eleições de 2010, tendo ficado em segundo lugar com 20,68% dos votos, sendo derrotado pelo governador Sergio Cabral.
Em 2010, em um projeto com a presidenciável Marina Silva, lançou o jogo online "Um Mundo" que através de maneira criativa aproveita a onda dos jogos de criação no estilo "Farm" e convida o visitante(mesmo não simpatizante) a contribuir com a criação de um mundo melhor.
No segundo turno das eleições presidenciais de 2010, Gabeira declara apoio à candidatura de José Serra.
LIVROS - Escreveu o livro O Que É Isso, Companheiro?, sobre sua participação na luta armada contra o Regime militar brasileiro e seu posterior exílio na Europa, que venceu o Prêmio Jabuti de Biografia e/ou Memórias em 1980 e foi transformado em filme pelo cineasta Bruno Barreto em 1997.
Também é autor de O crepúsculo do Macho, depoimento do exílio, uma espécie de continuação do livro O Que É Isso, Companheiro?. Gabeira escreveu ainda "Entradas e Bandeiras", onde narra sua readaptação ao Brasil e sua luta pela política do corpo, contrapondo-se às patrulhas ideológicas,´"Hóspede da Utopia", onde começa a procurar bons lugares para morar, onde possa exercer seu modo de vida alternativo, e "Sinais de Vida no Planeta Minas", no qual conta as lutas feministas contra o ultraconservadorismo de Minas Gerais, através do exemplo de cinco mulheres mineiras ao longo do tempo, entre as quais Dona Beja, de Araxá; Dona Tiburtina, de Montes Claros; e a 'pantera' Ângela Diniz.
Em Goiânia, Rua 57 - O nuclear na terra do sol, lançado em 1987, Gabeira narra o Acidente radiológico de Goiânia ocorrido em setembro daquele ano.
Escreveu, também o livro A Maconha no qual discute temas acerca da erva, como a descriminalização de seu uso, suas funções terapêuticas, o papel social que desempenha etc.
Em 2006, lançou o livro Navegação na Neblina, sob uma licença Creative Commons. A obra trata da crise política do PT que culminou na CPI dos Sanguessugas, em 2005.
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