Dilma, em dois momentos |
Jornalistas acompanham o desempenho dos presidenciáveis com um olho na notícia, no conteúdo, e o outro no desempenho diante das câmeras, analisando a capacidade de cada um se comunicar. Afinal, estudamos Comunicação Social. Mais que isso, adoramos dar um palpite!
E meu lado comunicóloga-palpiteira pode afirmar que duas Dilmas Rousseffs apareceram diante das câmeras nos últimos dias.
A primeira Dilma: hesitante, nervosa, com um sorriso forçado no rosto, perdendo o raciocínio no meio da frase, incapaz de administrar os dois minutos que tinha para cada resposta. Esta foi a candidata que apareceu no primeiro debate entre os presidenciáveis na última quinta-feira na Tv Bandeirantes. Virou motivo de chacota da oposição que esparramou videos no youtube com edições, claro, que mostram apenas os piores momentos da candidata.
A segunda Dilma: confiante, mais segura, capaz de completar as frases e calma, bem mais calma. Esta foi a candidata que apareceu no Jornal Nacional de ontem.
O que aconteceu em apenas quatro dias para tal mudança? Bem… entrou em campo um marqueteiro. Um não, vários. São vários auxiliares que preparam o discurso, a voz, as expressões e, claro, o cabelo e a maquiagem do candidato. As possíveis perguntas e respostas são testadas muitas vezes. Muito provalvemente, depois da titubeante participação no debate, Dilma Rousseff ouviu os auxiliares avisando sobre tudo que fez errado na primeira aparição e não deveria repetir nas próximas.
Ela seguiu a cartilha. Não se abalou quando perguntaram se era inexperiente pra administrar o Brasil. Disse que não e dá-lhe currículo! Citou muitas vezes o nome do presidente Lula – algo que quase não fez durante o debate.
E quando surgiu a pergunta sobre a braveza de Dilma, se ela maltratava os ministros… a candidata apelou para uma cartada que os marqueteiros amam. Puxe a conversa pra dentro de casa, fale como mãe ou dona de casa. E lá foi Dilma pra cima da Fátima: Entao… deve ser como na sua casa, numa hora a gente cobra, na outra hora tem que incentivar.
Claro, marqueteiro não resolve tudo. A Dilma de ontem também dava sinais de que sentia a pressão. Suava demais no rosto, se esqueceu de dar boa noite a quem estava em casa, disse que a Baixada Santista ficava no Rio… mas diante do tom bem mais acertado, os erros foram pequenos.
Dilma nao é a única que faz do marketing politico ferramenta de campanha. Todos os principais adversários fazem o mesmo. E quando dizem que não fazem, desconfie! Negar o trabalho dos marqueteiros na preparação para uma entrevista ou debate é outra cartada muito apreciada pelos mestres.
Para o eleitor, a medida que o treinamento dos candidatos se intensifica, o desafio só aumenta. Achar, por trás da maquiagem, o melhor projeto, as ideias que considera mais eficientes para o Brasil.O que é verdade. O que é mentira. E a naturalidade… mercadoria cada vez mais escassa na prateleira dos políticos.
A partir do Blog Entre Nós. Leia no original
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