Quando começou a chover ontem, sentimos que alguma coisa poderia acontecer. A partir de certa intensidade, certa duração, sempre podemos prever os problemas. Nosso debate na Câmara de Vereador tinha 300 inscritos. Cerca de 80 pessoas conseguiram chegar. Antes de iniciar minha fala, visitei o gabinete do vereador Paulo Messina. Na mesa, um pedido de CPI sobre as galerias subterrâneas, obras , rios e córregos da cidade. Foram abandonados, segundo uma reportagem do Globo que se tornou a base do pedido de CPI. Faltavam apenas três assinaturas.
Quando saímos da Câmara, sentimos que o Rio fora atingido profundamente pelas chuvas. O Aterro do Flamengo estava parado, o trânsito na Lapa congestionado pelos ônibus. Só conseguimos chegar em casa, usando alternativas e a experiência de nosso piloto.
Na primeira entrevista, o prefeito Eduardo Paes, que há seis meses anunciou um plano contra enchentes, afirmou que dava nota abaixo de zero para a preparação contra chuvas no Rio. Ele mesmo se reprovou, embora não tenha avaliado as conseqüências do temporal para a vida dos cariocas e a imagem do Rio.
No caminho, sentíamos também como é preciso mudar a cultura de sujar as ruas, esperando que os garis, encarreguem de limpá-las. Sem cooperação dos moradores, não há contingente de servidores que resolva o problema.
Outra surpresa, após constatar que a situação era de calamidade: os telefones de emergência não respondiam.Consegui contato apenas com o 192 , (Samu)que prometeu repassar as informações sobre deslizamento. Mas houve também dois casos de incêndio, um em Vila Isabel, outro em Copacabana. Por que não funcionaram os telefones de emergência? Estavam sobrecarregados? Mas não foram programados para emergência? Por que os serviços são pré-internet e não podem receber informações através de todas as ferramentas atuais, como o twitter e o próprio skype que permite olhar nos olhos quem passa a informação?
Os vereadores que encontrei ontem têm obrigação de levar adiante sua CPI e modernizar, minimamente, a Defesa Civil no Rio. Não importa se há ou não aquecimento global. Podemos dizer, sem dúvida, que há chuvas fortes. Isto basta para orientar nosso trabalho. Ou aprendemos as lições elementares que o temporal nos deu ou, simplesmente, seremos rididularizados quando falarmos de Copa do Mundo ou Olimpíadas .
Imagino que o governador Sergio Cabral tenha sido informado de tudo isto em Nova Yorque,onde se encontrava. Se voltou e ficou em silencio toda a noite, teve uma recaída na síndrome de Angra dos Reis, aquele sumiço sospechoso na tragédia do réveillon.
Fernando Gabeira
A partir do Blog do Gabeira. Leia no original
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