Nos últimos dias, o apresentador Carlos Massa, o "Ratinho", do SBT, acabou sendo alvo de uma série de críticas da imprensa e especialmente de famosos porque decidiu entrevistar em seu programa o ex-ator Guilherme de Pádua, assassino da também atriz Daniela Perez, filha da novelista Glória Perez, autora de "Caminho das Índias" e "Barriga de Aluguel", entre outras novelas. O apresentador paranaense, que já foi tratado como cult quando ficou nacionalmente conhecido, a partir de programa semelhante na Record, passou a ser ofendido, repreendido publicamente e censurado por pessoas que, todos os dias, mas evidentemente por outros motivos, defendem com intolerância a liberdade de expressão.
O episódio é exemplar para demonstrar que, mesmo entre aquelas pessoas admiradas por sua postura pública, existe o que chamamos de "dois pesos e duas medidas". Ou seja, lhes parece que a liberdade de expressão é algo intocável quando se trata de amigos atingidos, de artistas desrespeitados em suas prerrogativas, mas que isto não é algo aplicável com a mesma justiça quando de trata de um apresentador popular como Ratinho. De longe, poderia-se dizer que ele sofre o mesmo preconceito do qual é vítima o presidente Lula, duramente criticado por sua exposição internacional, embora pareça respeitado pela imprensa mundial e detenha uma inédita aprovação popular para um político ao término do segundo mandato. "Aguinaldo Silva, grande novelista da Globo que sempre admirei, me critica como se a empresa pra quem ele presta serviço nunca tivesse entrevistado bandido", anotou em seu Twitter, nesta sexta, o apresentador Ratinho.
No Twitter, ele foi criticado e ofendido por uma série de pessoas ligadas à novelista Glória Perez. Além de Aguinaldo Silva, Glória recebeu o apoio de famosos como o humorista Bruno Mazzeo e o ator Bruno Gagliasso. "O Ratinho vai levar o Guilherme de Pádua no programa dele, é isso mesmo? Ah, Ratinho, enfia o Ibope no...", protestou Mazzeo, que foi logo retuitado por Gagliasso. A fúria contra Ratinho, porém, não se limitou às celebridades. Pessoas comuns criaram um tópico para apedrejar o apresentador. Como era de se esperar, apesar da indignação de parte do público, o programa de Ratinho desta quinta-feira deixou o SBT na vice-liderança da audiência, com média de 8 pontos no Ibope e picos de 10.
Contudo, o assassino da atriz Daniela Perez não falou nada do crime, sob a alegação de que foi ameaçado de processo "por advogados". Segundo ele, temia-se que sua versão atacasse a honra da vítima ou da co-ré Paula Tomaz, o que daria ensejo a ações de indenização. Mas este argumento não convenceu, mesmo porque sua versão consta de um processo público, embora tenha sido julgada e rejeitada pela Justiça. Além do mais, passou todo o tempo lamentando justamente que sua versão nunca teve espaço na mídia e desperdiçou justamente a única oportunidade que teve em 18 anos para contar a sua história.
Ao final da conversa vazia, Ratinho protestou contra a performance do seu entrevistado: “Você é ator”. Ao que Pádua respondeu: “Você também é. Você é um personagem”. Irritado, Ratinho encerrou o programa, para perplexidade de seu convidado, afirmando: “Eu, se fosse a Gloria (Perez) também não perdoaria você”.
Em suas justificativas, o apresentador também apresentou um rico argumento contra os detratores, o de que a própria Globo já entrevistou o criminoso. Na época, não há notícia de que a funcionária da emissora, Glória Perez, tenha se rebelado e muito menos os atores que a acompanharam, igualmente subordinados. E, para quem tiver curiosidade, segue abaixo vídeo com a entrevista feita para o "Fantástico", conduzida pela jornalista Glória Maria.
Para encerrar, fica no ar uma pergunta feita por Ratinho em seu Twitter: "Será que se o entrevistado tivesse assassinado a filha de trabalhador comum famosos se manifestariam?"
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