A Ordem dos Salesianos de Dom Bosco, na Holanda, anunciou na que realizará uma investigação sobre abusos sexuais cometidos há quase 40 anos por religiosos contra alunos de um colégio interno de Arnhem, no leste do país. Há alguns anos, denúncias do tipo deixaram de ser novidade dentro da Igreja Católica.
Nos últimos tempos, porém, casos do tipo ganharam outra dimensão e abalaram as autoridades eclesiásticas.
Em 2002, um dos maiores escândalos veio à tona e sacudiu a opinião pública. Naquele ano, nos, Estados Unidos, o homem sob os holofotes era Bernard Law, cardeal de Boston. Quando o padre John Geoghan foi levado a julgamento acusado de estuprar mais de 130 crianças, tornou-se público que o cardeal o tinha transferido de uma paróquia para outra, sempre que ele se envolvia em um novo caso de pedofilia. Ou seja, Law era o homem que jogava toda a sujeira de Geoghan para debaixo do tapete - e fez o mesmo com outros padres abusadores.
Na mesma época, outros casos tornaram-se públicos, deixando o Vaticano em apuros. No Brasil, uma dezena de padres foi denunciada por abusos sexuais de menores. Na França, 30 religiosos receberam condenação por pedofilia na última década. Na Irlanda, a Igreja já pagou o equivalente a 110 milhões de dólares em indenizações às vítimas de abusos sexuais em escolas e orfanatos e desde 1983. Mais de cinquenta padres foram condenados no país. Já na Austrália, as indenizações totalizaram 2,6 milhões de dólares somente em 1996, quando 200 estudantes de um internato católico foram molestados sexualmente por religiosos.
Além do abuso de menores, outro fantasma assombra a Igreja católica: o homossexualismo entre os padres. Aqui no Brasil, em 1993, um abade da Ordem de São Bento de Olinda renunciou ao cargo e fugiu do país depois que seu caso com o tesoureiro da instituição se tornou público. Ao sair do país, dom Sebastião Héber Vieira da Costa deixou um rastro comprometedor: uma coleção de cartas apaixonadas que escreveu ao professor Juvino Teixeira de Carvalho Filho, de 42 anos - um homem casado, pai de três adolescentes e ex-responsável pelas finanças do mosteiro.
Anos mais tarde, a história se repetiu na Espanha, onde um padre não apenas revelou publicamente que é gay, como afirmou que raros sacerdotes católicos “homossexuais ou heterossexuais” respeitam o voto de castidade. A repercussão da declaração de José Mantero, 39 anos, pároco numa cidadezinha no extremo sul da Espanha, foi ampliada pelo veículo usado para as inconfidências: a revista Zero, dirigida ao público homossexual. A capa da publicação mostrava Mantero de batina e tinha como manchete uma declaração que a Igreja prefere esquecer: “Dou graças a Deus por ser gay”. Os bispos espanhóis reagiram com indignação e Mantero foi suspenso
Diante de tantos escândalos, a Igreja às vezes tenta conter condutas que julga impróprias, mas acaba criando ainda mais polêmica. Em 2003, ela lançou um dicionário de 900 páginas e 78 verbetes que abordavam questões como aborto, contracepção, divórcio e homossexualidade. Dentre os textos, um dos mais controversos é pdedicada ao sexo seguro. No verbete, decreta-se que essa é uma categoria que não existe. A intenção era censurar o uso de preservativos. O dicionário garante que a camisinha reduz em apenas 10% o risco de contrair Aids em uma relação sexual. A informação não é verdadeira: o uso do preservativo previne o contágio por HIV em 99% dos casos. Ou seja, o risco de se contrair a doença utilizando-o é de 1%, desprezível do ponto de vista estatístico.
Em 27/10/1993: “Dom Héber é gay”
Em 13/2/2002: Gay de batina
Em 24/4/2002: Uma mancha no coração da Igreja
Em 1/5/2002: Os cardeais decepcionaram
Em 9/4/2003: A bomba do Vaticano
A partir da Veja. Leia no original
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