Oscar Cabral |
André Garcia, criador da Estante Virtual: em quatro anos, 1 600 acervos e 500 000 leitores cadastrados em todo o Brasi |
Sebos são lojas abarrotadas de livros usados, em geral dispersos por prateleiras empoeiradas. Esse ambiente faz a alegria de quem gosta (e pode) passar horas a fio garimpando títulos difíceis de encontrar em livrarias tradicionais. A internet projetou esse universo para uma escala de negócios que em nada lembra as lojinhas charmosas e com cheiro de mofo. A mais bem-sucedida iniciativa nessa área no Brasil é a Estante Virtual, portal que disponibilizou o acervo de mais de 1 600 sebos, livrarias e livreiros autônomos no país. Criado há quatro anos, o site oferece mais de 5 milhões de títulos e uma ferramenta de busca simples e eficiente – por assunto, autor, título, cidade e também pelo nome do sebo. O sucesso de público permitiu que a Estante Virtual tivesse também 500 000 leitores cadastrados, que podem vender ou trocar seus livros ali. "Consegui achar um nicho que possibilitou disseminar o acervo dos sebos Brasil afora, para muito além do que eles jamais imaginavam que poderiam alcançar", diz André Garcia, de 31 anos, criador do serviço, que começou num quartinho e hoje tem um escritório com quatro salas e sete funcionários.
Pelo portal, são vendidos em média 5 000 livros por dia, 43% mais do que os 3 500 exemplares que a Livraria da Travessa, a mais prestigiada do mercado carioca, comercializa diariamente em suas sete lojas e em seu serviço on-line. As vendas pela Estante Virtual somam 3 milhões de reais por mês. Os sebos repassam 5% para a empresa de Garcia, que cobra ainda uma mensalidade para catálogos acima de 2 000 volumes. A iniciativa surgiu quando ele decidiu abandonar a carreira de consultor de marketing para fazer um mestrado em psicologia social. Com dificuldade para encontrar livros dessa área, passou a percorrer sebos. Mudou de ramo, mas continua bom de marketing. Na última edição da Bienal do Livro, no mês passado, Garcia pagou 100 000 reais para montar um estande. Não vendeu nenhum exemplar. Seu intuito era divulgar o portal e promover a troca de livros usados. Foi um sucesso. Em apenas onze dias, mais de 33 000 livros foram trocados.
Ronaldo Soares
A partir da Veja (Edição 2134 ). Leia no original
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