A vitórtia do Rio de Janeiro sobre Chicago, Madri e Tóqui, na disputa pelas "Olímpiadas de 2016" deu aos brasileiros um motivo adicional para torcer pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, no próximo verão, às vésperas de um ano com eleições presidenciais, o ex-metalúrgico e tido como o governante mais popular do mundo, vai por em xeque seu reconhecido apelo popular de maneira decisiva. Orçado em US$ 10 milhões, o filme "Lula, Filho do Brasil" (veja trailer acima) será lançado em todo o país em janeiro. Segundo os produtores, LC Barreto Produções, o filme vai dramatizar primeiros anos do presidente, que descrevem "mítico" e "heróico".
Desde que Lula tomou posse em 2003, a maioria dos brasileiros têm apoiado como ele orientou a economia através da crise mundial, estendeu os benefícios sociais para os pobres e projetou uma imagem positiva do país no exterior. Ele goza de 81% de aprovação, o que também faz os produtores acreditarem na possibilidade de uma bilheteria recorde e um acordo de distribuição internacional.
Ao mesmo tempo, o estúdio diz que o Lula retratado no filme, um desconhecido dos primeiros anos de sua vida, será ainda mais atraente do que aquele que fez sucesso mundial em sete anos de mandato. Não por acaso, o slogan da produção é "você conhece este homem, mas não sua história". Baseada em uma biografia autorizada, escrita por Denise Paraná, o filme abre com Lula como um garoto em meio a miséria em que viviam as crianças no estado de Pernambuco. Move-se através de seus anos como metalúrgico em São Paulo e líder trabalhista poderoso e termina em 1980, depois que ele foi preso pela ditadura militar por suas atividades de organização.
Destaque é a luta de sua família para se adaptar à São Paulo, sua ascensão ao topo do Sindicato dos Metalúrgicos, a perda de um dedo em um acidente e a morte, em 1971, de sua primeira esposa e de seu filho natimorto. "Este é um homem que passou sua juventude na miséria, bebia água junto com o gado e, em alguns dias, comia apenas café misturado com farinha", disse a escritora Denise Paraná. "Não é só sua, mas que a miséria de muitos brasileiros." Tão precária era a vida naqueles primeiros anos que a mãe de Lula chegou a dizer que era um milagre nenhum de seus filhos tornar-se ladrão.
"Não se trata de um político, mas uma simples história de um homem que superou a tragédia imensa e as probabilidades", disse Rui Ricardo, ator que interpreta o Lula. "Sua vida é como uma obra de ficção... Mas, na verdade, é a prova de que qualquer brasileiro, sem educação, o dinheiro ou em pé, pode se tornar um homem extraordinário."
Um filme sobre um presidente brasileiro nunca foi feito, e carrega certos riscos. Brasileiros pobres que formam a base de apoio político de Lula não são tem o hábito e nem dinheiro para ir ao cinema. "As pessoas que aprovam Lula não podem se dar ao luxo de ir ao cinema, e as que podem, não gostam de sua imagem", disse Fábio Barreto, cujo filme de 1995 "O Quatrilho" foi escolhido para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
O Barretos também inovaram para financiar o filme. Para evitar críticas, em vez de usar dinheiro público que é oferecido aos produtores de filmes brasileiros, eles aceitaram contribuições de uma dezena de patrocinadores, incluindo a Volkswagen, Hyundai e outros colaboradores para campanhas políticas de Lula.
A produtora Paula Barreto disse, ainda, que sua empresa está cogitando a possibilidade de transformar o filme em minissérie de tv, o que poderia trazer a sua história até os dias de hoje. Mas isto poderá incluir uma série de aspectos menos saborosos da carreira política de Lula. Há três anos, ele foi forçado a um segundo turno, após uma série de escândalos mancharam sua imagem. Transcrições de escutas telefônicas tinham até seu irmão Genival pedindo dinheiro a um chefão do jogo.
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